ATENÇÃO!

3 de agosto de 2010

"DETENTA SEM CRIME"

"JUDICIÁRIO"
Depois de cumprir um ano e cinco meses de prisão e ser absolvida da acusação de sequestro, mulher ainda passou mais oito meses detida apesar de sua soltura ter sido determinada.

Aos 20 anos, com três filhos, Iara Cristina Silva recebeu uma ordem de prisão quando preparava o banha das crianças. De casa, em Ceilândia, ela seguiu para a Penitenciária Feminina do Gama. Era junho de 2008. Somente quatro meses depois, quando enfim teve acesso ao processo soube que era acusada de sequestrar um gerente de banco em Formosa (GO), a 70 km de Brasília. No fim de dezembro do mesmo ano veio a condenação: 14 anos e meio de cadeia. Apesar da grave acusação, por duas vezes, a Justiça errou com Iara. A primeira, ao sentenciá-la mesmo com falta de provas. A segunda, porque manteve encarcerada por oito meses após reconhecer a inocência da acusada e mandar soltá-la imediatamente. O documento que colocaria a mulher em liberdade se perdeu em meio à burocracia do judiciário.
Assim como aconteceu quando foi presa, após dois anos e um mês trancafiada, Iara sequer sabia da absolvição, concedida em 17 de novembro de 2009. Funcionários do presídio comunicaram a decisão dos magistrados goianos somente na última sexta-feira, ao ser informada que deixaria a cela. "Quando a agente falou para eu juntar todas as minhas coisas, fiquei apavorada. Achei que ia para o seguro (isolamento). Perguntava: o que eu fiz, o que eu fiz? Aí ela disse que eu estava livre. Não acreditei", lembra a jovem.
O sequestro pelo o qual a doméstica acabou condenada ocorreu em 30 de outubro de 2006. O gerente foi abordado pelos os bandidos e levado para a própria casa, onde se estavam a mulher e os filhos do casal. além do rapaz que morava com eles. O roubo ao banco acabou frustado pela a polícia. Como sempre relatou os policiais, ao promotor e ao juiz, Iara jura inocência. Afirma nunca ter pisado em Formosa. Reclamaque durante todo o andamento do processo, não a colocaram cara a cara com as vítimas do sequestro. "Eu pedi isso a juíza no dia que prestei depoimento. Mas, não atenderam ao meu pedido", lamenta.
Desde então, Iara e a familia não tiveram forças e nem dinheiro para lutar por justiça. Nunca puderam pagar por um advogado que se dedicasse integralmente à defesa dela. Nesse tempo, a única solicitação atendida pelo o Tribunal de Justiça de Goiás foi permitir o cumprimento da pena no Distrito Federal. Iara queria ficar mais perto dos parentes, principalmente dos filhos pequenos, na época com três meses de vida, dois e quatro anos."Numa das visitas, minha mãe reclamou que estava passando necessidade. E que meu filho pedia as coisas e ela não tinha dinheiro para comprar.Foi um dia antes do Natal. Fiquei enlouquecida. Jurei que um dia ia provar minha inocência", lembra.
Fonte: CB-Cidades em 28 de julho de 2010.

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